terça-feira, 2 de outubro de 2012
Tu és maldito
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Receba a honra de compôr um título a este.
De um lado minha sabedoria; do outro a impotência de fazer-lhe saber:
Os dentes em “V”; a minha disposição.
A dupla de pelos no dedo anelar; meu desejo de nele estar.
A cicatriz na raiz dos cabelos; meu amor próprio.
É destro de mão e canhoto de pé; meu pedido de perdão e confiança.
O cobertor sem “R”; o sorriso que eu quero ser.
O coração é grande, destaca o lado do peito; minha perseverança.
Pés trinta e nove; meu amor mil.
O desejo pelos seios; meu suor ao ter seu corpo.
A pinta rasa no queixo; minha saudade (nada rasa).
O irmão vivo o compôs; a chance.
A sua cor é o azul real (reino das palavras); o amarelo dos meus olhos não mentem.
O tempo para ele; para mim.
As lembranças dele; minhas palavras não ditas.
Sei o primeiro pensamento ao acordar e o último ao adormecer; meu desejo de continuá-los sendo.
Tenho a mais íntima sabedoria dele, entretanto não seu convencimento.
Minha fortuna foi maior que a de Diego, este lhe seria mais velho. O veria pôr-se entre os coqueiros e tornar-se Mestre. Eu o vejo. O ouço. Depois de perder-se no reino que habito, ele pensa palavra por palavra num banho no escuro. Mas não as torna
segunda-feira, 17 de setembro de 2012
Repare nas Nuvens
Hoje, queria que chovesse. Queria que escorre na janela, para que eu lesse meu livro.
Calmo e sereno, eu dormiria, após tanto tempo em claro.
Calmo e sereno, evocaria em mim o mundo das chuvas e enfim me calaria para dar alma e asas ao poeta.
O reino das palavras
Para você: O Reino das Palavras.
Explore uma vez por dia para descobri-lo aos poucos e por completo.
Verá a história do menino e seu velho, verá a história do Espelho de Jorge Luis Borges, verá a história do monstro cinza que aterrizou um vilarejo ao norte, verá a história que tem para contar uma velha que borda ao passo que a citada criatura assola o citado vilarejo -- verá a fábula sobre os gigantes que andavam na terra e nos ensinaram a arte de cultivar, verá o conto da loja que vendia lembranças, verá o conto do menino que criou, dando seus nomes próprios, seu mundo peculiar. E muitos outros.
Explore, uma vez por dia, para conhecer por completo o meu reino. Onde impero absoluto.
Assim, só assim, poderá uma pessoa (e é esta você) desbravá-lo.
terça-feira, 21 de agosto de 2012
Guarda no Castelo
Afinal, ele assistiu nascer, erguer-se e escolheu tons e pedras - mas é, de fato, seu dono? Apenas um dos dois é imperecível, porque perfeito em si. Mas não o Rei.
Então diriam, imagino, ser o Vento*, que moldou as pedras. Ou a terra, que geriu firmeza.
Ou o ser que de um sopro ou infinitas palavras fez o que se compreende por vento e o que se compreende por terra. Porém nós, todos aquém, não compreendemos quem é, ou se alguém de fato é, seu dono.
Algum desses, todos metáforas vis, podem ser o palpite. Mas não o meu.
Compreendo que sou eu seu único dono e mantenedor, pois dos tempos imemoriais escrevo e guardo nesse Castelo todas as minhas prosas. Ora templo, ora cemitério, jamais abandonou.
O que é meu e está lá é, ora lenda, ora mistério.
E permanecerá no porvir a incerteza do que exatamente o poeta guarda no Castelo.
*De um outro castelo, este não é dono senão seu maior temor.
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
Princesa dos Olhos
Eu andei longe para encontrar. A princesa da terra distante, você foi. Agora, não mais distante, ainda é.
A princesa dos olhos. Meus e teus olhos.
Quando cuida, quando esmera, merece.
Frases desconexas, como pensamentos.
Pensamentos meus que são seus, como os sorrisos.
Quando me viro, descontente de ingrato, e sorrio ao mundo que não te é, sorrio com o sorriso que você me deu. Quando não sorrio, abraço a causa amarga e doce que você é. Dependente, te sou e te contemplo.
À princesa dos olhos.
Não há nada mais forte em mim, que senti-la me sendo. O medo, mais fraco é. O mundo, aos joelhos cairá. Que mais vale da estrela afogar-se num lago e bradar sua mansidão - o brilho, perceba, é passageiro.
(Desta metáfora, somos a estrela, o lago, a mansidão e o brilho.)
Disseste ser a mão a parte em mim Kleber. Agora, mira os sorrisos. À parte, em si Anna, em mim.
Os seus, desenhei como engenheiro dos céus. Não todos, mas os meus sorrisos, ergui-os.
Convida-me a sorrir mais forte. Use as mãos como anzóis dos meus lábios, se couber e agradar a metáfora. Convida-me novamente ao seu reino das palavras.
Princesa dos olhos, é.
Decifrar a mente pelo enlace das mãos.
Decifrar a alma pela refração dos meus olhos nos seus.