Ante
as pedras, à construção perfeita - um Cavaleiro só, de aspecto sombrio, guarda
seu castelo. Porém é, de fato, seu? É seu trabalho guardá-lo, e é seu dever
mantê-lo, por entre as chuvas torrenciais e as corriqueiras nuances do Sol. Mas
é, de fato, seu? Diriam, então, que não o pertence, mas ao Rei a quem o
Cavaleiro deve o cargo.
Afinal, ele assistiu nascer, erguer-se e escolheu tons e pedras - mas é, de
fato, seu dono? Apenas um dos dois é imperecível, porque perfeito em si. Mas
não o Rei.
Então diriam, imagino, ser o Vento*, que moldou as pedras. Ou a terra, que
geriu firmeza.
Ou o ser que de um sopro ou infinitas palavras fez o que se compreende por
vento e o que se compreende por terra. Porém nós, todos aquém, não compreendemos
quem é, ou se alguém de fato é, seu dono.
Algum desses, todos metáforas vis, podem ser o palpite. Mas não o meu.
Compreendo que sou eu seu único dono e mantenedor, pois dos tempos imemoriais
escrevo e guardo nesse Castelo todas as minhas prosas. Ora templo, ora
cemitério, jamais abandonou.
O que é meu e está lá é, ora lenda, ora mistério.
E permanecerá no porvir a incerteza do que exatamente o poeta guarda no
Castelo.
*De um outro castelo, este não é dono senão seu maior temor.
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