sexta-feira, 9 de julho de 2010

Versos não lidos II

A gravidade lhe pesava sobre o corpo. Assustou com o vento que ameaçava lhe despir. Ela despertou e não havia como não notar, o azul celeste acabara agredir os olhos. Tornou a fechar os olhos e se lembrou de certificar se ainda estava acompanhada. Pousou a mão suavemente sobre o peitoral rude do menino.
Havia uma força maior lhe puxando à sonolência. Ajeitou-se ao lado de Juan e entrelaçou as pernas sob a saia para que o vento pudesse varrer liberto. Era como se o céu reconhecesse um pedaço de seu tom caído ali na grama e não pudesse o levar pra não pincelar a vergonha no rosto da menina.

O tempo, costumeiro pássaro.

Daí então, ela acordou outra vez com aquela sensação de desmaio e viu que havia passado mais tempo do que previa. A tarde estava por cair mas ainda não anunciava no céu. Sendo assim Manuelle se assustou ao ver nuvens carregadas, lembrou-se então, não tinha dinheiro para o guarda-chuva nem onde se esconder. A idéia de estar desprotegida, levou-a a reparar mais uma vez na presença do garoto. Presença que já não era mais.

Levantou-se esperando ver seu companheiro de romance e tudo o que via era a paisagem guardando rancor, prestes a trovejar. Notou os versos ainda presos no laço da saia. Saia que pela primeira vez destoava na pintura. Não havia quem combinasse em tom, nem quem a admirasse. Era injusto Juan ter ido embora e levado consigo o céu.

Manuelle iniciou num andar angustiado nem parecia ser o doce do menina versos. Oh não! Outra vez? ... A menina doce dos versos. Dessa vez não tinha uma rota, andaria com o mesmo objetivo, porém sem saber quando encontrá-lo. O que o levaria tê-la deixado, dormindo sem ninguém naquela tarde tão linda?

Os pensamentos dela se misturaram, quando ela se deu conta não tinha mais céu. Nem o que outrora estava zangado escondido nas nuvens. Era só uma lona preta com pedras brilhantes dispersas. Caiu então o primeiro vestígio de que Manuelle entendia mesmo sobre o clima. O pingo grosso de chuva prometia lavar os cabelos penteados e encharcar os pés descalços. Ela recebeu a visita de outro trecho de música em sua mente.

Here comes the rain again falling from the stars.

Foi quando avistou Juan sentado com ar desesperado sobre a pedra. Manuelle lançou-se à frente dele com uma vontade enorme de entender a atitude que supostamente estragou a tarde deles. Respirou, lembrou-se dos versos. Pôs a mão nas costas com receio de terem sido lavados pelas lágrimas das estrelas. Mas para sua sorte estavam pouco abatidos. Sem mais, deu início à leitura:

Quero fazer o que seus olhos dizem pra eu fazer
Seus olhos dizem o que não está em suas palavras
Vamos pra longe hoje!

Nesse instante, o menino reencontrou a coragem nas palavras da menina da saia azul, e levou-a para longe.

As músicas:
Wake me up whem september ends - Green Day
Só existe o agora - Charlie Brown JR 

@canalha

Você só entende quando é você quem tá vivendo. Você não tem escolha, ou anda reto, ou anda pra frente. Mas na tua frente, tem um precipício, e não tem como você escapar dele. Eu não queria escolher. Eu não queria fazer sofrer, nem a mim, nem a você.

Agora eu não tenho mais que escolher. Aos poucos, eu fui perdendo minhas opções, até elas se tornarem nulas. Isso não é nem de longe tão fácil quanto eu achei que seria. Pelo contrário, é mais difícil.

Eu não precisei me jogar do precipício. Mas precisei encarar que, quando eu virei pra trás, ninguém mais estava preocupado se eu ia cair ou não.

Por Guilherme Almeida @Almeidoim

Nem sei se eu podia mesmo fazer isso, mas copiei esse texto de um blog que sigo. 

Não achei justo não identificar o autor. http://smileatmoonshadow.blogspot.com/2010/03/eu-sei-que-eu-fui-um-canalha.html