terça-feira, 18 de setembro de 2012






Receba a honra de compôr um título a este.

De um lado minha sabedoria; do outro a impotência de fazer-lhe saber:
Os dentes em “V”; a minha disposição.
A dupla de pelos no dedo anelar; meu desejo de nele estar.
A cicatriz na raiz dos cabelos; meu amor próprio.
É destro de mão e canhoto de pé; meu pedido de perdão e confiança.
O cobertor sem “R”; o sorriso que eu quero ser.

O coração é grande, destaca o lado do peito; minha perseverança.

Pés trinta e nove; meu amor mil.
O desejo pelos seios; meu suor ao ter seu corpo.
A pinta rasa no queixo; minha saudade (nada rasa).
O irmão vivo o compôs; a chance.
A sua cor é o azul real (reino das palavras); o amarelo dos meus olhos não mentem.
O tempo para ele; para mim.
As lembranças dele; minhas palavras não ditas.
Sei o primeiro pensamento ao acordar e o último ao adormecer; meu desejo de continuá-los sendo.
Tenho a mais íntima sabedoria dele, entretanto não seu convencimento.

Minha fortuna foi maior que a de Diego, este lhe seria mais velho. O veria pôr-se entre os coqueiros e tornar-se Mestre. Eu o vejo. O ouço. Depois de perder-se no reino que habito, ele pensa palavra por palavra num banho no escuro. Mas não as torna em resposta. As águas que lhe banham escorrem para a lagoa e nela passeio, ele sabe. Eu sei. Que ele persegue carros em volta de sua cabeça e os evita dizer em verdade. Ele não quer calar-se, e sim juntar-se ao poeta. A parceria me manterá viva, para que após a cura haja nós. Ele sabe o meu sonho e este lhe é toda a sabedoria sobre mim. Eu sou isso. E ele é verdade.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Repare nas Nuvens

É um fato de todo comum que, após muito tempo olhando para as nuvens, elas começam a tomar forma. Eu, sendo míope, enxergava nelas as mais extravagantes. Com o tempo, passei a entender que as nuvens se formavam de acordo com o meu humor. Não deixei, de todo, essa ideia.
Hoje, queria que chovesse. Queria que escorre na janela, para que eu lesse meu livro.
Calmo e sereno, eu dormiria, após tanto tempo em claro.
Calmo e sereno, evocaria em mim o mundo das chuvas e enfim me calaria para dar alma e asas ao poeta.

O reino das palavras

Para as noites de insônia, para as noites de tédio, para as noites em geral escuras e frias. Para agradar aos olhos, para entoar uma canção própria aos ouvidos, para dar força e assim mover. Para dizer as palavras não ditas, as metáforas não feitas, como pensamentos desconexos antes de adormecer.
Para você: O Reino das Palavras.
Explore uma vez por dia para descobri-lo aos poucos e por completo.
Verá a história do menino e seu velho, verá a história do Espelho de Jorge Luis Borges, verá a história do monstro cinza que aterrizou um vilarejo ao norte, verá a história que tem para contar uma velha que borda ao passo que a citada criatura assola o citado vilarejo -- verá a fábula sobre os gigantes que andavam na terra e nos ensinaram a arte de cultivar, verá o conto da loja que vendia lembranças, verá o conto do menino que criou, dando seus nomes próprios, seu mundo peculiar. E muitos outros.
Explore, uma vez por dia, para conhecer por completo o meu reino. Onde impero absoluto.
Assim, só assim, poderá uma pessoa (e é esta você) desbravá-lo.