terça-feira, 5 de julho de 2011

Requiém do Sol

Luzi pontualmente, por todos os anos e olhos, e aqueci. O meu ímpeto egoísta, de negar a luz, passou à ideia de raiá-la toda a ti, desde a primavera em que choveu-te e me cuidou tão tenra. A distância desfez-se domada. Chuvas finas e calorosas vieram solar a terra. Logo entornamos o céu de um espetáculo além, e as pessoas que mirassem-no, sabendo onde fitar, nos encontrariam juntos; um curto arco-íris nas bordas de uma montanha ou na face espelhada dos prédios. Mas fez-se o outono, e os olhos penderam à terra.

Meu brilho agora cresce cessante, como se adormecente. Obrigam-me ao claustro de algumas janelas, de onde fito à exaustão, procurando-te em cantos distantes, nos finos fios que parecem atar as nuvens ao chão e que te precedem. Obrigam-me a chama fraca, que toda lhe direciono, mas que não basta, e que não chama. Entrego-me ao ofício de te esboçar. Quase te vejo. À noite, quando vem tocar o meu teto e, submerso em uma orla reclusa, ergo os raios como os braços ao seu encontro. Outrora, entre as árvores de um campo, vejo tecer seus fios...

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