quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ao leitor

Pela vaidade desses dias, deixei abrir uma fenda de dois meses entre essa prosa e a passada; trazendo agora a chave de um questionamento que sequer me coube fazer. O fato é que o escritor mais prolífico tem os textos não da musa, mas do anseio de obtê-la, de tocá-la e, não obstante, das miragens que os envolverá quando, e se, suas prosas nascerem reais. E me fluiu constante, nos meses anteriores, afogados em um só anseio intimista, de dois escritores, em encontrar o que chamei de refúgio e enseada. Mas hoje temo ter chegado a uma bifurcação de estrada. O que cuidei escrever, em cinco dos meus últimos textos, em metáforas distintas, tornou-se real por cinco vezes, como se ouvissem todas as súplicas.

Porém, se for o anseio a representação máxima da escrita, que faz o escritor quando existe no mundo que criou? Creio não haver poeticidade na resposta que é, em si, a própria fenda. O refúgio, a enseada... Afirmo: por mais metáforas suspensas ao uso, e pelo vocábulo infinito da língua, escrevê-la é se entregar a inexatidão e trair os sentidos. Não escrevê-la é um egoísmo que me cabe. É a memória mais terna que tenho, e não pretendo simplificá-la ou àqueles olhos. Posso, para deixar-te com algo, dizer o que são aqueles olhos pelo efeito que eles tem em mim. E digo-lhe, leitor, se fixaram de tal forma que, com certas peculiaridades, fecho os meus fiéis de acordarem no domínio daqueles que, em si, são a enseada no refúgio.

Um comentário: