sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Nesta prosa

Venha. Junte-se a mim e veja, através das janelas, o mundo calado das chuvas. O mundo imóvel, como que assombrado, onde passam as pombas e os pardais, voando, ao som do vento que exila as folhas; e ainda, nessas paredes de um mundo próprio, temos o silêncio do abrigo. Como os desertos. O sol estilhaça, e chegará a noite das águas, esse manto sem lua. Mas estamos aqui, com os pés descalços sobre a ardósia, e sua boca imensurável sorri ao espelho que é o vidro; espelho dos meus olhos em que pousam seus carinhos, como estrelas fulgidas, como pequenos vaga-lumes; e então te percebo. Quer abrir a sacada, os braços como asas enormes, quer perder-se na noite, voar como nos sonhos, em uma volúpia crescente. Mas por hoje, ficamos; alheios as chuvas como os pássaros sob a oliveira, como outros sobre as nuvens.

As paredes escurecem, o mundo adormece e o resto é de outra prosa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário